sábado, 30 de julho de 2011

"Woman is the Nigger of the World" de John Lennon & Yoko Ono

Dos vários tipos de discriminação sofridos pelas minorias, observo que a discriminação contra a mulher ainda é muito velada. Por mais que o movimento feminista seja amplamente divulgado e reconhecido, há muitas ações e atitudes que atingem a liberdade da mulher que não são facilmente perceptíveis de tão arraigadas que estão em nossa cultura, em nossas tradições, em nosso discurso.

Esta música de John e Yoko polemiza bastante a questão da liberdade da mulher, escancarando o quanto ainda estamos longe de sermos livres, o quanto o papel que a mulher desempenha ainda não é questionado o suficiente, o quanto nós ainda nem sabemos direito o que é ser uma mulher livre. 

Quase quarenta anos depois de seu lançamento, eu ainda convivo com mulheres -  e eu ainda sou muito essa mulher - descrita na música. E percebo que ainda tateamos em busca de nosso verdadeiro valor, longe dele,  muitas vezes pensando tê-lo encontrando em lugares equivocados, nos pensamentos equivocados, na insegurança, na baixa auto-estima, nas mensagem que internalizamos que nos dizem para continuarmos assim, pois é mais seguro. 

Ainda temos muito medo de sermos estigmatizadas, de sermos taxadas de "masculinas", "putas" ou "solteironas". E por isso nos submetemos a muitos comportamentos considerados "femininos" - descritos na música - para nos sentirmos mais seguras. Mas quer estigma pior que ser a escrava do mundo para não precisarmos viver todos os riscos de uma vida livre?





Tradução:

A mulher é o negro do mundo

A mulher é o negro do mundo
Sim, ela é... pense nisso
A mulher é o negro do mundo
Pense nisso... faça algo sobre isso

Nós a fazemos pintar o rosto e dançar
Se ela não for uma escrava, dizemos que ela não nos ama
Se ela é verdadeira, dizemos que ela está tentando ser um homem
Enquanto a colocamos para baixo fingimos que ela está acima de nós

A mulher é o negro do mundo, sim ela é
Se você não acredita, dê uma olhada na que está contigo
A mulher é o escravo dos escravos
Ah, sim... melhor gritar sobre isso

Nós a fazemos parir e criar nossos filhos
E depois a deixamos de lado por ser uma mãe gorda e velha como uma galinha
Nós dizemos que a casa é o único lugar onde ela deve estar
E depois dizemos que ela é muito pouco experiente para ser nossa amiga

A mulher é o negro do mundo, sim ela é
Se você não acredita, dê uma olhada na que está contigo
A mulher é o escravo dos escravos
Ah, sim... (pense sobre isso)

Nós a insultamos todo dia na TV
E nos perguntamos por que lhe falta coragem ou auto-confiança
Quando elas são jovens, nós matamos a sua vontade de ser livre
Enquanto as dizemos para serem pouco inteligentes, as diminuímos por
serem tão burras

A mulher é o negro do mundo, sim ela é
Se você não acredita, dê uma olhada na que está contigo
A mulher é o escravo dos escravos
Ah, sim...se você acredita em mim, melhor gritar sobre isso

Nós a fazemos pintar o rosto e dançar
Nós a fazemos pintar o rosto e dançar
Nós a fazemos pintar o rosto e dançar
Nós a fazemos pintar o rosto e dançar
Nós a fazemos pintar o rosto e dançar
Nós a fazemos pintar o rosto e dançar

Album: Sometime in New York City, 1972.

PS: Obrigada Nat, pela sugestão da música!

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