segunda-feira, 13 de junho de 2011

"You Oughta Know" de Alanis Morrisette

O disco Jagged Little Pill, da Alanis, é um ícone dos anos 90 e foi o segundo mais vendido da década.

As letras trazem raiva, irritação, questionamento, ironia. Comportamento oposto ao do estereótipo da menina boazinha que nunca levanta a voz, mesmo quando está explodindo por dentro, e que pede desculpas por pensar.

E essa música é isso: muita raiva contra um ex-namorado, afinal, a gente pode gritar também! 


Album: Jagged Little Pill, 1995.

domingo, 12 de junho de 2011

"Aicha" de Khaled

Khaled é um cantor da Argélia, país do norte da África de cultura Muçulmana que passou por colonização Francesa. 


Aicha é o nome de uma mulher que é cortejada na música. O homem lhe oferece jóias, ouro, os frutos mais doces, todo o seu reino por essa mulher, "minha vida se você me amar". Tudo maravilhosamente poético. No refrão ele chama por ela: "Aicha, me escute, não se vá, olhe para mim, me responda." 

Ao que ela responde:

Guarde seus tesouros.
Eu, eu quero mais que tudo isso,
que barras fortes, barras mesmo que sejam de ouro.
Eu quero os mesmos direitos que você
E o respeito de cada dia
Eu só quero amar!


É óbvia a mensagem dessa mulher que renuncia à uma prisão de barras de ouro pela possibilidade de ser livre.

Album: Sahra, 1996.

sábado, 11 de junho de 2011

"Four Women" de Nina Simone

Para começar, trago uma cantora, compositora e musicista fabulosa, que ainda estou conhecendo, confesso, mas por quem já me apaixonei: Nina Simone - "Four Women".



A música descreve quatro mulheres afro-americanas, que representam alguns dos estereótipos das mulheres negras na sociedade americana. Tendo o Brasil sido um país escravocrata por muitos anos, essa letra também diz muito às nossas mulheres.

A primeira delas, Aunt Sarah (Tia Sarah), mostra a mulher escrava, que se descreve como forte para aguentar a dor, sentida continuamente, já que não havia outra saída.

A segunda, Saffronia, fruto do estupro de um homem branco rico e poderoso à sua mãe, negra, vive dividida entre dois mundos. 

A terceira, que se denomina Sweet Thing (algo como Coisa Doce, Doçura), com uma bela descrição, tem o cabelo bem aceito, lábios de vinho e quadris desejosos, mas apenas pelo fato de vender seus favores sexuais.

E finalmente, a quarta mulher, Peaches, que demonstra toda a raiva contida, revoltosa, violenta, dessas mulheres filhas da escravidão.

É uma música maravilhosamente triste, forte e emblemática, que soma o peso dessa herança histórica à luta diária da mulher.


Album: Wild is the Wind, 1966.

Por quê?

Dia desses quis encontrar no Google músicas que falassem sobre mulheres. Não é uma tarefa muito difícil, já que músicas sobre mulheres é o que mais existe. Porém, meu foco não era músicas sobre a beleza da mulher, sobre a mulher como musa, objeto de desejo, de paixão, ou todos esses temas em que normalmente elas são retratadas. 

Meu foco era músicas sobre mulheres que se descobrem, que buscam sua verdadeira identidade, que sabem quem são, que sabem o que querem e para onde vão. Meu foco era músicas sobre mulheres que olham para dentro e se esforçam em se definir por elas mesmas. 

Aí sim, encontrei mais dificuldade. Afinal de contas este caminho ainda está sendo traçado. A busca da mulher pela sua verdadeira identidade ainda é obscura e temida e desencorajada e banalizada e ironizada. Até por muitas delas, infelizmente.

Como não encontrei facilmente o que buscava, fiquei com essa ideia na cabeça de fazer um blog-coleção, um blog para agrupar dois assuntos que me encantam, me desafiam, me intrigam e me preenchem: a música e a minha busca pessoal do que significa ser eu sendo mulher.

É muito bom saber que muitas batalhas já foram ganhas, mas ainda há muitas conquistas a serem alcançadas. A libertação da mulher ainda não é completa.   E aqui eu tentarei contribuir de alguma forma à continuidade dessa inquietação, dessa pulga atrás da orelha, dessa pedra no sapato.